quarta-feira, 1 de junho de 2011

Os Banquetes de Heston - Alguem mais ainda tem paciencia pra ouvir falar disso?

A revista Veja deste mes tras uma reportagem sobre o principal concorrente de Ferran Adria, Heston Blumenthal, proprietario dos restaurantes britanicos 'The Fat Duck' e "Dinner" e sua estrapolante cozinha (ou laboratorio) molecular. Sim, agora o cara tem um show num canal de tv a cabo (Fox Life), o "Heston's Feasts" (Banquetes do Heston) que vai ao ar toda a sexta-feira a noite, onde ele recria (da sua forma singular, obviamente) os banquetes da nobreza antiga.

Pra transformar os pratos mais classicos em pastilhas, comidas servidas nos mais diferentes estilos imaginaveis e ate' transformadas em papel de parede comestivel, o cara conta com uma equipe de cozinheiros, quimicos, bombeiros (porque nao foi uma nem duas vezes que seu laboratorio literalmente explodiu) e ate' cirurgioes plasticos - quando ele recriou por exemplo, um animal comestivel pra um dos seus banquetes. Com fogos de artificio e efeitos especiais como no seu "pudim de chocolate ejaculante", ele se diverte na cozinha e ganha milhoes com a sua excentricidade. Pra quem nao vive a Gastronomia diariamente, a noticia ainda e' novidade - mas eu, por exemplo, nao aguento mais ouvir falar nesse cara.

Sim, eu adoro a gastronomia molecular e as possibilidades que meia duzia de quimicos nos permitem e me intriga a oportunidade de utilizar mais amplamente os nossos sentidos a mesa, mas ao mesmo tempo me preocupa o fato do que cozinhar esta' se tornando. Agora, pra ser criativo nao basta reinventar um prato classico ou utilizar formas diferentes de fazer um mesmo ingrediente, mas e' preciso entrar pra dentro dum laboratorio e aprender a trabalhar com nitrogenio liquido ou servir Ipods (sim, da Apple!) junto com a tua comida (como ja fez Blumenthal, na tentativa de proporcionar aos clientes o som do mar enquanto comiam algum prato louco tematico) pra ganhar reconhecimento. Vamos convenhar, a coisa ta' ficando caricatural, pra nao falar em ridicula. Tudo bem que "impossible is nothing", mas essa modernidade obrigatoria as vezes me cansa - e so' me resta questionar: onde sera' que isso tudo vai parar?






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